Cidelly
Ambígua presença, amedrontas, | Amas-me ó vil criatura? | Canta-me o mal que me contas! | És doce horror, minha agrura; | Guardei-te os olhos tão vítreos | Dantes de ires às tumbas…
Marcescível
Há de chover hoje, à tarde, | Este sopro tão tenro segreda | Cá o sol pobrezinho não arde | Seu adeus gradativo arvoreda; | Ó azul melancólico, cante! | As nuvens se unem, me basta…
Murmúrio
Debaixo d’esta vil tristura | Habito a imensa estafa | E ébria eu n’esta loucura | O vinho me sobra à garrafa; | Estou em delírio, fissura, | O perfume que sinto exala…
A Janela
Despertara com o frio que adentrava a janela entreaberta, lá fora uma névoa densa se espargia e ela apreciou a paisagem incomum, no entanto um assombro emergiu…
Noturníesis - Ode
Doce noite tão soturna canta | Como o flúmen verte o pranto santo | Mui serena aquece em negra manta | Doce noite... tenra... triste encanto... | Leva sonhos para o lado escuro…
Outono no.1
Eis, por fim, o Outono... | Frígidas manhãs, | noites de abandono | de todos os afãs; | Das estações: | o sentido; | Do ser, emoções, | de imo luzido;…
A Anestesia da Indiferença enquanto Silêncio e Solidão
É inevitável que o tempo adiante, em cada passo dado na torrente de seu próprio existir, a anestesia da indiferença. Não se trata de apatia ou ignorância, mas de consciência…
Instantes 02
— Não terei clemência frente ao espelho que reluz toda a minha nadificante existência, pois este é o sentimento mais medíocre, ou pelo menos um dos mais medíocres…
A Sombra
No despertar noturno uma sombra atravessa a tenra luz vinda da lua cheia. Olho apressada e trêmula, é nada além de uma coruja. Vou à janela para observá-la e no instante seguido…
Ecos Exíguos
Nobres fugas demais humanas | nascentes às estações - impróprias, | o Ser pelos átimos d'aspiração, o ser | pelos vazios tão íntimos, tardios | e iguais aos sopros do Nada | que euforem…
Cinzas Feminis
Queimada estivera | nos tempos d’outrora | quando o homem da era | salvá-la, ó, Pandora, | jamais, vil, quisera;…
Galardão para minha humanidade
Corpo em vasta poética e flamância | Girassóis escolhidos, mente sã, | Ouço o lago dos sonhos de mia infância… | Ó Verão, dê-me o doce da maçã!…