Narciso (cerca de 1600) por Caravaggio (1571–1610)

 

Perceba que são tempos assombrosos
Àqueles cuja essência é tão sensível
Vivendo em vis quebrantos ominosos
Expõem-se, sem desejo, ao desprezível;

Declinam, pois, equevos, sem escolha,
Se amargam pelo vasto deslouvor
Que abriga tanto os modos quanto a folha
Por onde letra alguma tem valor

Daqueles com espelho em seus semblantes
Enquanto se assoberbam delirantes,
Aviltam-se na graça do olvidar

E erigem-se do inóculo do acaso,
Postergam a ascensão p’ra mascarar
Que estão fazendo o mundo ser mais raso
Urgindo alarde agudo sem parar.

Sara Melissa de Azevedo

Como Escritora, tenho inúmeros semblantes, sempre em busca do lírico, do intenso e do profundo. Como Poetisa, tenho a eterna sensibilidade e a vívida paixão. Como pessoa comum, sou mais uma na multidão em busca de compreender a si mesma. SAIBA MAIS

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