Entre Mundos
Amor, se amares tu, nos sonhos mil,
Os versos adoçados de tristura
Que afloram de minh'alma feminil
Te juras me visar como escultura?
Marfim tão quedo e límpido limar
Tua fonte sacrossanta de paixão,
Irás tecer-me em trovas, teu versar,
No som das rimas doutas, escansão?
Segredo que me encalça bem silente
Saber os teus sigilos sobre nós
Amor, se te convém ser confidente:
Estou à letra tanto e sempre a sós,
Existo tão somente na Sonura,
Afora do viver mundano e atroz
Espero-te em mi'a lira-lar-candura.