Lancinura
sinto mundos febris,
sinto imenso e agudo
dor no peito, amiúdo:
meus plangores ardis…
sentimento-agonia,
sinto tanta torrente
que se verte, cadente,
a ilusão de euforia…
sinto muito e pressinto:
decadência e martírio
penumbral sentinela;
aqui dentro, distinto…
se me fosse um delírio
não teria sequela.
5 de janeiro de 2021
“Lancinura” é uma palavra criada por mim para representar a sensação que atravessa os metros d’este Soneto. Significa o mesmo que “Lancinante”, contudo o termo ascende-se às profundezas do âmago pela vogal “U” mais grave que se estende por maior tempo. Além disso, “nura” faz referência ao termo “nullus” que em latim significa “nada” ou “coisa alguma”; isso porque sentir muito é olhar para o abismo do ser — o Nada que nos constitui — e que pulsa continuamente.