Ausente
Venustas solidões quais me declino; vêm-me na compreensão de que estou rumo ao meu uno destino e, mais, confessam-me a ilusão dos campos infindos das sociáveis redes virtuais. Aprendo, como um inseto em metamorfose. Observo na ausência o revitalizar da força que há de retornar ainda mais sólida. Observo as palavras, elas me guiam.
No verso ou nas longas narrativas estão as palavras de meu fundamento. A Escrita é a razão primeira de tudo, o alvor inicial, a única luz possível, sob ou sobre a época, sob ou sobre o movimento.
Da Poesia um gole basta para a eternidade sã embebecida. Como a Escrita, ela perdura sem esforço quando genuína. E de toda a mundanidade estou ausente, com exceção da linguagem, do conhecimento, e pergunto-me por esta atual realidade, sobre quais são os vales que significam… e o que se faz sentido aos olhos meus…
Penso nos antecessores, pondero em seus traços; o que sou no tanto que outrora já fora? Quem sou n’este oceano de beleza vasta em letras pretéritas? A solidão responde-me cautelosamente e digníssima: eu sou idioma a idioma, expressão a expressão, eu sou a linguagem, o verbo, a sílaba, a gramática; sem esforço, sem medo, mesmo errônea e, ainda, tão criança.