Antes de Dormir
Um tênue movimento, meus dedos úmidos. Lembrança de tua rigidez em meu imo, o pulsar do teu sangue nas veias em relevo, dentro do mais tórrido de mim. Teu semblante austero lumia em viril beleza, recordá-lo sempre me basta, a tua masculinidade me delira. Assim, quando me exausto à solidão que me enraíza no silêncio, recrio a tua imagem com meus olhos abertos. Beijas-me os seios após apertá-los na avidez, e revelas em tua fronte o verdadeiro pecado, com tuas retinas escurecidas.... sim... que profundo prazer...
O meu corpo tremeluzindo, um atiçar que conduz à saudade da força tua. Quando tu és mais agressivo, fico insaciável... lembra-te também? Comprimo-te na minha alcova em cada desvelar de tua fúria venérea. Meu homem. Poucos são homens como tu és, por isso me agrada o teu ser e ajoelho-me a ti, excitada... fiel ao nosso deleite... curvada. Aberta à tua vontade, sempre mélica por ti. Fico absorta na tua agressiva névoa, de tal modo que se me fazes longínqua do teu verdadeiro agredir, perco-me nas sinapses da memória até o transfigurar dela em vestal reminiscência.
O teu... verdadeiro... agredir... apenas a mais lídima ultraviolência... quando te concentras e não temes a força, beijando os meus limiares. A noite inteira, ao sombrio aurorescer. Deixa-me doer nas tuas mãos? A paixão de uma mulher é sempre dela, os segredos mortos em seu caixão, as ânsias no seu sangue carmesim. Contudo, se almejares, revelarei cada fascínio. Se escutares atento, compreenderás. A noite não julga minha sede de servir-me a ti no cálice de minha dor mais aguda. A natureza não crucifica minha particular natureza. Quão bela fico quando choro?
