Elo & Sinfonia
Tenaz opus sonda e cura,
O agravo do agora se cala,
Exornas-me a grã tristura,
Um gesto de benquerença
Que, pêsame, cor de opala
Análoga à sepultura
Por onde o violino avença
No amar-te que assim m’embala
Anseias-me na partitura.
Escarpa, os olhinegros cravar,
E a treva do abismo tu vês
Que sou, mas vens afinar
Portento opimo só teu
Abeiro-me em calidez
Cortejas-me no aurorar
Dos sóis do solo imo meu
Enfloro-me em languidez
E luro-me em teu firmar.
Se liro assim intrincada
Estimo quem és, me enlaço,
Mãos tuas, aprumo, enseada
Das águas do pranto lasso
De estar, pois, apaixonada.
Teu timbre compõe-me o ser
Portanto, que amanteigado,
O afeto e meu bem-querer
Aspiro o vir compassado
Afago teu âmago a arder.
E sendo já o anoitecer
Vibrando-nos resplendor
A aliança a me conceder
Vertendo-te ao seio-rubor.