A necessidade de termos empatia

 

Childe Hassam - Boston Common at Twilight (1885)

 

Falta-nos Empatia. Empatia é enxergar a constituição subjetiva, histórica e social de cada pessoa que existe no mundo, independente de nossa opinião pessoal a respeito desta pessoa ou de seus comportamentos e princípios. Além disso, Empatia é Tolerância e Reflexão e, mais ainda, é o ato de colocar-se como protagonista da realidade humana e não somente da sua realidade individual.

Um exemplo para ilustrar isso é o tipo de justiça que desejamos para aqueles que são criminosos. Tendemos a acreditar que a justiça ideal é a morte ou o sofrimento e, se alguém se dispõe à empatia diante desses sujeitos, logo esta pessoa empática é considerada fraca por ter “compaixão” e “defender” criminosos. Isso é sim um grande equívoco!

Empatia não é Compaixão. Se fosse, não se chamaria Empatia, se chamaria Compaixão. Colocar-se no lugar do outro é permitir-se refletir com vastidão sobre tudo aquilo que compõe a humanidade daquele ser, inclusive o sistema em que este ser está inserido. Ao contrário do que muitos acreditam, ter Empatia não significa aceitar as pessoas como elas são sem questioná-las, tampouco significa sentir piedade desconsiderando o mal que elas causaram às outras pessoas.

Ter Empatia é desenvolver em si mesmo a capacidade de entender a amplitude das situações, tanto pelo lado individual de cada um dos envolvidos, quanto pelo lado coletivo — o que engloba cada um de nós, mesmo que a questão a ser avaliada não esteja relacionada diretamente com a gente.

Voltando ao caso de um criminoso, vamos dar-lhe um contexto, ele é um homicida que acabou com a vida de todas as pessoas inocentes dentro de um restaurante em algum país bem longe daqui. O que eu tenho a ver com isso? É evidente que quem está mais envolvido nessa situação é o povo daquele país, as famílias das vítimas e seus respectivos círculos sociais, mas, nós enquanto seres humanos, precisamos da Empatia para considerarmos os erros que aquela cultura cultiva, pois, ninguém nasce homicida e, se nasce, por que e como encontra espaço para se desenvolver a ponto de chegar a concretizar tamanha barbaridade?

Empatia é questionamento. Empatia é conhecimento. É saber que as pessoas não possuem as mesmas oportunidades, tampouco o mesmo nível de consciência. Vamos falar sobre ter consciência: Ter consciência é ser capaz de reconhecer, em seu comportamento, os pontos falhos e, principalmente, ser capaz de entender o porquê é importante seguir outros caminhos e mudar.

Mais um exemplo: Um ou uma jovem percebe, após o término de seu primeiro namoro, que ele ou ela possuía atitudes desagradáveis que sempre constrangiam seu parceiro ou sua parceira; o trauma do término permitiu a essa pessoa que ela decidisse não cometer os mesmos erros da próxima vez que se relacionasse intimamente com alguém. Dentro dessa situação nós temos muitas capacidades desenvolvidas que são privilégios de poucos: Observação — tanto de si mesmo como do contexto em que se está inserido — , Autopercepção — entender seus sentimentos, erros e acertos — , Autoanálise — questionar seus erros e reconhecer seus acertos — e Empatia — colocar-se no lugar do outro buscando compreender a realidade dele.

Para que uma pessoa consiga fazer este tipo de autoinvestigação, ela precisa ter, no mínimo, uma educação e um apoio psicológico — essa é a regra e, se existe exceção, devemos tratá-las como a exceção que são. Tendemos a generalizar exceções de modo a torná-las como molde para as regras, isso é um grande erro; uma pessoa que não tem apoio psicológico ou educação pode sim ser capaz de desenvolver tudo isso a partir de sua própria busca por educação e apoio psicológico, no entanto, isso é raro e, enquanto raridade, é exceção.

Nós somos seres coletivos, por mais introspectivos ou antissociais, sem os outros não somos capazes de evoluir, de aprender e de conhecer a vida; precisamos do coletivo, precisamos do grupo, precisamos de pessoas ao nosso lado e que principalmente nos dê apoio na caminhada da vida — este apoio acontece — e esta é uma das formas em que ele se apresente — na troca de conhecimento que nos levará a compreender melhor nossas emoções, percepções e sentimentos; além de nos permitir entender que o mundo não gira em torno de nosso umbigo.

Portanto, se você entendeu o papel da Empatia, então você sabe que você é um indivíduo privilegiado, enquanto indivíduo privilegiado, sua voz pode ir mais longe, não a utilize para segregar, para vulgarizar, generalizar ou menosprezar; use-a para promover mudanças valiosas e ponha em prática os princípios da Empatia. Por mais que a informação pareça estar disponível a qualquer um, nem todos estão prontos para digeri-la e nós, todos nós, temos responsabilidade nisso.

Sara Melissa de Azevedo

Diga-me, apreciaste esta obra? Conta-me nos comentários abaixo ou escreva-me, será fascinante poder saber mais detalhes da tua apreciação. Eu criei esta obra com profundo e inestimável amor, portanto, obrigada por valorizá-la com tua leitura atenta e inestimável. Meu nome é Sara Melissa de Azevedo. Sou Escritora, Poetisa e Sonurista. Formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial. Sou a Anfitriã dos projetos literários Castelo Drácula e Lasciven. Autora dos livros “Sete Abismos” e “Sonetos Múrmuros”. SAIBA MAIS

Anterior
Anterior

Quanto o tempo resiste na memória?

Próximo
Próximo

Egressão