Soneto d’Enfaro
Por mais que eu tanto insista na tendência
Debaixo das possíveis esperanças
Dezembro é-me d’angústia as alianças
Firmando um casamento por clemência;
Perdão senhores, santos, cada fé;
Estou refém dos pobres pensamentos
Culpados são, pois, trazem tal maré
À vista d’um horror por sacramentos;
Qu’estejam crendo, não vou me importar
Eu mesma invejo o vosso atenuar
Às cousas abismais d’esta existência;
Sucumbam aos anfêmeros afagos
Das rasas mãos do tempo, truques vagos,
Pois nada disso afasta a decadência.