Sejamos gentis

Edvard Munch - At the Coffee Table (1883)

Sejamos gentis. Se possível, na maior parte do nosso tempo, que estejamos conscientes de que as pessoas ao nosso redor possuem vivências, verdades, ignorâncias e conhecimentos que nós não possuímos. Isso deve reger nossas falas e comportamentos, isso não significa deixar de lado a espontaneidade particular que tanto nos caracteriza, tampouco sufocar nosso próprio eu para proporcionar algo bom aos outros. Ser espontâneo, cuidadoso e autoprotetor são modos que podem perfeitamente coexistir e, conforme coexistem, costumam se mesclar em uma única coisa que faz bem para nós e para aqueles que são nossos semelhantes.

Sejamos gentis porque boa parte do mundo não é; e quando uma pessoa agressiva ou intolerante se depara com a gentileza, muitas coisas podem acontecer em seu interior, a semente da gentileza pode não brotar de imediato, mas ela permanecerá ali e a cada nova gentileza, ela continuará se fortalecendo lentamente até que possa, por fim, brotar. E se, por mil razões, ela não brotar; mal ela não fez.

Sejamos gentis conosco, porque nem sempre estamos prontos para ser gentis com os outros e isso não deve nos ser um fardo. Errar é humano, ainda que nos dias atuais nos soe como um absurdo imperdoável cometer um erro comum. Esse ódio pelo erro é reflexo de uma geração inteira que passou sua infância com medo de errar e ser considerado estúpido ou incapaz. Essa mesma geração passou por momentos de violência por outra geração que entendia que educar só podia funcionar por opressão. Por isso, hoje, cheios de horrores mentais, nós tendemos a querer destruir à força qualquer manifestação dessa violência. No entanto, precisamos entender que poucos são aqueles que são potencialmente e conscientemente maus, no geral as pessoas apenas não saber agir de forma diferente e são o que são no modo automático de suas vidas partindo sempre de suas próprias histórias e escolhas individuais.

A gentileza nos abraça e abraça as pessoas ao nosso redor, isso não significa aceitar e concordar com as suas e nossas falhas recorrentes; mas sim nos capacita na compreensão da individualidade de cada um, o que nos leva a ter mais controle de como falamos e como incentivamos as pessoas a pensarem sobre seus atos violentos. É o mesmo efeito da semente que citei no segundo parágrafo. Infelizmente devemos aceitar que nós não podemos mudar os outros, ainda que os prendamos, ainda que os cancelemos, cada indivíduo é responsável por sua própria evolução pessoal. As pessoas ao redor são apenas pequenas doses de consciência que cada indivíduo escolhe tomar para si ou não tomar.

Então sejamos gentis, porque todos, inclusive e principalmente eu e você, já escolhemos não tomar consciência de algo importante que estava sendo transmitido a nós e a cada dia fazemos novamente essa escolha com cada novo estímulo. Se você quer ter mais consciência da sua escolha, seja mais gentil, quando você decide ser gentil e tomar mais cuidado consigo e com os outros, você tende a reparar mais no que vem ao seu encontro e, reparando, você compreende; compreendendo, você escolhe tomar ou não aquilo para si. Abandonar a inconsciência de suas escolhas é algo muito poderoso, ser gentil te levará a esse superpoder.

Sara Melissa de Azevedo

Diga-me, apreciaste esta obra? Conta-me nos comentários abaixo ou escreva-me, será fascinante poder saber mais detalhes da tua apreciação. Eu criei esta obra com profundo e inestimável amor, portanto, obrigada por valorizá-la com tua leitura atenta e inestimável. Meu nome é Sara Melissa de Azevedo. Sou Escritora, Poetisa e Sonurista. Formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial. Sou a Anfitriã dos projetos literários Castelo Drácula e Lasciven. Autora dos livros “Sete Abismos” e “Sonetos Múrmuros”. SAIBA MAIS

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