Flúmen de Amor
Amar d’infindas formas, amar…
E verte o meu amor como o mar
Querendo aos seres todos cingir
Gentil amá-los como o fulgir
Do sol ameno em puro cuidar
Ser água que da sede remir
Calor cá nos meus braços brandar.
Amar d’infindas formas, querer
Nos olhos teus tua alma entender
Histórias mil d’algures contar
E então cantarolando adoçar
A noite que em teu leito se erguer
Os sonhos te envolvendo, o trovar
Do céu da tempestade a fender.
Amar d’infindas formas, alvor
No nosso mais intenso fervor
Desejo de meu vivo clamar
P’ra’s cartas, redigir e versar,
Afagos de desvelo e valor
E toda a angústia vir se anular
No etéreo e raro manto do amor.
Amar com inefável esmero
Acima do julgar tão severo
Que faz o coração lancinar.
Por vezes em meu cerne verbero
Resiste este amor mui sincero
Nos vales d’este humano pecar?
Mas tendo em mansidão relembrar
Que se é lídimo o lume e tão mero
Há nada que o fará se arruinar.