Proteção
Oliver, seu gato, despertara cerca de cinco vezes dentro dos trinta minutos em que havia se aconchegado no agradável tapete felpudo. Nestes momentos, o felino olhava atentamente para a janela da sala, como se algo ali estivesse. Na sexta vez, inquieto, ele caminhou lentamente até o centro da sala, fitando a janela e externando um som vibrante, introspectivo e instintivo, para a defesa de seu território. Ana, ao ouvir aquele som, levantou-se do sofá reclamando dos gatos dos vizinhos que sempre vinham à noite. Ao passar pelo pequeno animal, que permanecia sentado, fez-lhe um afago e tão logo abriu a cortina para espantar o intruso do jardim. Imediatamente os olhos de Ana transtornaram-se em mórbido pavor, pois no jardim estava Oliver, esquartejado sobre uma poça de sangue.