Tua Fonte - Carta n02
Quão imensurável é a vontade que verte tão suavemente de minha intimidade, sempre à noite quando me deito, oníricas imagens regam meu adormecer e delas faço aumentar minha calidez até que os sonhos, de fato, cheguem; antes deles, no entanto, há tua presença, cujo corpo quente e forte toca-me a cintura fina que se curva em perfeição; tocas-me também os seios e despertas-me ainda mais delirante. Não hesitas, portanto, a pôr teu falo contra mim, eu o sinto enrijecido à fenda cujo anseio ferve para nós dois. Nossos pijamas confortáveis impedem a penetração súbita, esfregas-te em mim e essa excitação que emerge soa como uma tempestade. Curvo-me para o encaixe perfeito e teu gemer rega a loucura que me invade, tão logo sinto vontade de apanhar de tuas mãos, tão logo sinto vontade de sugar o teu sexo cuja espessura sempre convida minha garganta. É intenso como as chuvas de verão, é como a morte e a vida transmutadas.
Estás nesta vívida memória de há poucos dias, meu querido, e já fazes uma falta de tamanha importância; quero mais das tuas mãos que retiram devagar a minha roupa e de teus dedos que buscam cada sulco disponível ao teu prazer. Quão árduo é não o ter neste lugar; enquanto o oceano conversa comigo em suas ondas contínuas, ouço as árvores dançarem nos abismos de si mesmas; percebo que tudo é cinza neste período em que não estou posta à cama, “de quatro”, como dizes, pronta para te sentir — e assim me vem, mais uma vez, uma lembrança, aquela de quando tivemos uma paixão incontrolável no teu carro; sentei-me com a delícia de mil frutos exóticos, sentei-me sobre ti e movimentei-me como nunca… ali eu sentia o perfume de teu suor viril mesclado à feminilidade somente minha. Tua rigidez movimentava-se com uma lucidez promíscua e ficamos prestes a gozar por, no mínimo, uma hora. Tomei todo o teu sémen naquela noite, tomaria de novo agora se assim me fosse possível; posso tomá-lo todos os dias como o café da manhã ou a ceia.
Mas agora, por agora, a tua ausência é meu terror mais sombrio, mesmo que te esforces para me preencher de orgasmos à distância, escrevendo deliciosas mensagens ou ligando-me para permitir que tua voz grave ative mais profundamente o flúmen de meu ventre, continuo à deriva da saudade. Há nada que pensei além de nós, da tua penetração em mim, que começa lenta e se intensifica em um ritmo perfeito; ou mesmo quando dás-me prazer anal, penetrando-me a fenda mais reclusa com a força bruta característica de tua masculinidade. Homens fortes estão morrendo, meu amor, és único e raro, por isso impactas; hoje estão todos os homens debaixo de medos e corrompidos por traumas; tu não és assim, enfrentas teus ardores como um cavaleiro finca a lâmina no inimigo; destróis teus traumas como um impiedoso caçador — e se necessitas de paz e compensação pelo peso que carregas enquanto homem, encontras em mim a tua paz, a fonte do teu alívio.
Não posso continuar a escrever-te, pois estou ardendo. Mande notícias sobre a tua jornada e o teu retorno. Que seja febril a morte da tua falta e abundante o retorno da tua presença; quero tanto receber-te com os lábios abertos, nua, molhada e completamente sedenta tal como estou agora. Quero tanto te receber à noite, quando no ápice do teu anseio, tu me amarras com tuas cordas onde entre teus nós eu me sinto viva e morta. Quero minha carne encarnada, no vermelho do sangue meu, ardendo às custas da tua força, quero queimar a pele enquanto sinto-te tocar em meu ventre. Quero estar no chão, rendida, vendida, prostrada a ti, tua submissa hoje e sempre e a cada dia mais. Volte rápido, volte o mais rápido possível.
Com amor e desejo, sempre sua.
Esse texto é para maiores de dezoito anos. Contém linguagem sexual explícita e…