A Guirlanda do Artesão
de Niehr Veritch para Lilaen Gohs
Querida Lilaen, o mundo silente convida-me ao infinito dos teus olhos. Embora eu não possa ouvir tua voz, sei que ela é doce como mel. Que o presente que te envio seja protegido pelas tuas afáveis mãos até que minha chegada, no Natal, possa aquecê-las suavemente. Escrevo-te por saudades, mais do que isso, escrevo-te por amor. Sabes que se eu pudesse escolher algo para ouvir uma única vez, seria a tua risada que pelo teu semblante já me convida ao perene gáudio. Vi que teus estudos de Libras estão avançados, nunca tamanha dedicação recebi de uma mulher, decerto que tu estavas destinada a viver em meu coração solitário. Guiar-te-ei pelo período em que estiver em Numnura, prometo; para que possas conversar comigo secretamente. Ser-me-á agradável ver o movimento dócil de tuas mãos e o que elas me revelarão no amanhecer.
Note que o que te envio é uma Guirlanda, todavia, não uma qualquer; a comprei n’uma singela cabana cujo artesão, dedicado, recebeu-me em mor alegria e contou-me algumas de suas fascinantes histórias — sim, ele tinha domínio de Libras, isto fora uma surpresa imensurável. Acontece que o senhor tivera um filho surdo, no entanto, diferente de mim, o jovem perdera a audição quando criança por causa de uma infecção auricular bastante problemática — tanto ele quanto o pai são ventrais, devo dizer. Recebiam o tratamento adequado, todavia, houve uma negligência. O menino nadou no lago Vertor de Amorttam, por causa de um desafio de adolescentes irresponsáveis, isso complicou os resultados do tratamento. E mais, não contara sobre suas dores após o mergulho, pois temia que a revelação complicasse o problema no coração de seu pai. Pobre criatura.
O pai, senhor Philiphi, tomou a decisão de ter sua comutação genética após o incidente, passou a odiar a morte. Além disso, entendeu que a medicina de Vonssihren jamais será realmente eficaz nos ventrais que não fazem a comutação. O filho, Domure era seu nome, falecera aos dezoito anos de idade. Que história, não é, minha querida? Não te entristeças, todavia, conto-te para compartilhar, em essência, o dom que Philiphi descobrira a posteriori, quando passou a dedicar-se ao que sempre amou: a arte. Não pôde trabalhar com ela antes, dada sua condição ventral. Meu amor, Philiphi está bem agora, a comutação lhe garantiu um ofício de marceneiro; tem ganhado uma Siremihta por semana! Nas horas vagas, cria essas pequenas maravilhas com flores e folhas desidratadas e aromantadas. Creio que apreciarás o artefato, é de uma delicadeza surreal e ficará belíssimo na porta de teu lar.
Acabei por refletir sobre o assunto na cabana; nascido indheren, incapaz de ouvir mesmo tendo as perfeitas condições para; sem efeitos aos tratamentos biológicos de Vonssihren; parece-me que há mais na terra do que sonha nossas vãs sabedorias. A senhora de Philiphi, dama Naomi, acredita ser obra da “magia oculta” — eu não duvido, pois, soube recentemente de uma possível ancestralidade com uma família de lá. É intrigante. Não tema, contudo, minha querida; se for verossímil, serei nada além de uma vítima dos antepassados; há nada em meu sangue que pulse pelas terras anti-árticas. Sou sirehnian com honra e serei numnurian ao teu lado. Agora, devo ir, anoitece. O frio se aproxima para beijar o Natal, tal como quero beijar-te a fronte, minha pequena uva. Bons sonhos. Espera-me.
Com amor, seu Niehr.
Querida Lilaen, o mundo silente convida-me ao infinito dos teus olhos. Embora eu não possa ouvir tua voz, sei que ela é doce como mel…
À noite, tilintam... | Entre a breve garoa; | E os brilhos longínquos, | Iguais se tilintam... | No firmamento sereno. | Tradições e esperanças: | Tesouros de vida,…
Silencie seus pensamentos por um instante e, então, ouça o canto do sereno vazio. Talvez eu sinta — na imensidão do único universo que me pertence…
N'alcova em solinura eu m'afligia, | Terror de pesadelos: abundante! | Nesta umbra-consciência algo plangia | Em mórbido sonar arrepiante...
As dores que te orgulhas por deixares | Raíz, à terra úmida, criaram; | Nasceram rosas negras que, se amares, | Irão murchar fugazes tal brotaram;...
Amado, esta invernia quando vem, | Na tua serenidade apaziguante, | Almejo o aconchego que nos tem | Somente em nosso leito lacrimante;…
Orquídeas negras tecem a ninguém, | Silêncio aveludado no jardim, | Apresso-me temendo vir alguém | Desperto pelo…
Cinéreas nuvens, frio — e a quietude, | A fina chuva, o aroma: há sopa quente | Nos prédios, casas, lares: placitude; | Debaixo, em cobertores — quiescente;
Ouvia o sussurrante estridor do rígido inverno e o pálido horizonte nevoado assustava-me em sua imensidão anilada…
Esse texto é para maiores de dezoito anos. Contém linguagem sexual explícita e…
Esse texto é para maiores de dezoito anos. Contém linguagem sexual explícita e pode conter ilustrações do mesmo teor..
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Embevecida pelo silêncio dos sonhos mais profundos, tudo se externava em suavinura. Andejei sob infinda serenidade por dentre um substancial jardim de raras…
Disparada seguiu pelos claustros do castelo Vonssihren, embora mantivesse sua elegância; a aragem era doce e tenra, beijando seu rosto com a serenidade de um…
Por vezes em meus sonhos turbulentos | Sentires do passado me retornam, | São como frágeis sombras, tenros ventos | Que espargem às paisagens que me ornam;…
Em algum espectro temporal da poesia em toda a sua existência, houvera uma poética habitante…
Aflige-me o existir se o outono é febre... | Somente em frigidez eu me apaziguo. | Na toca sou as Cinzas de uma lebre | No tórrido caixão de um lar-jaziguo;…
Diga-me, apreciaste esta obra? Conta-me nos comentários abaixo ou escreva-me, será fascinante poder saber mais detalhes da tua apreciação. Eu criei esta obra com profundo e inestimável amor, portanto, obrigada por valorizá-la com tua leitura atenta e inestimável. Meu nome é Sara Melissa de Azevedo. Sou Escritora, Poetisa e Sonurista. Formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial. Sou a Anfitriã dos projetos literários Castelo Drácula e Lasciven. Autora dos livros “Sete Abismos” e “Sonetos Múrmuros”. SAIBA MAIS
Est’água é Deus, fluída ao corpo e tão vital... | Portanto basilar à fauna e flora, | À sede, alívio vívido — espiral | De grã poder e simples a quem chora...