Sede Profunda
Sangrando o coração em minhas mãos, | A carne carmesim desentranhada, | O sândalo do horror enquanto sãos…
À Escrita
Eterna solidão, noite-mudez | Se tua Olea graciosa não me azeita | À bênção da centelha, a embriaguez | Do elã que lume a letra em mi'a colheita..
Entre Mundos
Amor, se amares tu, nos sonhos mil, | Os versos adoçados de tristura | Que afloram de minh'alma feminil | Te juras me visar como escultura? …
Augúrio d’Inverno
Quão frígido há de ser este solstício…| Sinto os ares regélidos soprando | Mesmo à clausura, em febre, é propício | Que este tempo vil beije-me nefando;…
Suavinura
Um pranto verossímil em meu peito… | Nublados céus sombrios me absorvem… | Sozinha eu silencio, então me deito, | E os sonhos da existência me comovem;…
É destino a aspereza de minh’alma
Negra e rútila seiva de inquietude | vinda deste silente enfraquecer, | mostre o ser que me habita em completude | pelo ermo e sombrio entristecer, | diga, pois, o que sei da infinitude…
Quanto o tempo resiste na memória?
Ó, dos féis que amarguram o meu cerne | estes ventos pretéritos estão, | pois me guiam n'outrora que concerne | às belezas que nunca voltarão, | mesmo sempre almejando que se eterne,…